Imagem: Galvão Bertazzi |
Sua malvada, pervertida. Vida bandida, rouba de mim os dias, as manhãs, as tardes, as noites. Rouba o brilho do dia, a luz do luar. Rouba de mim a esperança, o mistério, até o ar. Procuro viver, conforme tuas regras, mas elas são severas, severas e pervas, maldosas.
Não me adapto com regras. Então, viro bandida também. Viro, e zombo da vida. O tempo pára, eu passo, e tu ficas pra trás. Hahaha! Que ironia, eu passar da vida? Isso é humanamente impossível. Eu sou impossível, e nem sei se humana sou.
Tento me adaptar, e não são poucas as tentativas. Mas não adianta, o tempo me escorre entre os dedos, e relembro, dar regras, palavras, normas. Fico indigesta e sigo em frente. "Cuidado, não vomite em seus sapatos!" penso eu. "Cuidado para não tropeçar nesse seu ego enorme" diz minha consciência (se é que ela fala). Minha vida bandida. Vivo, seguida, a cada dia, uma nova vida. Um dia eu sou eu, outro dia outra eu. Tchau, fica aí, vida, e vê se tenta me alcançar.
Tenho que ir. Ela tá quase me pegando.
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